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"SOMANDO POSTOS DIRETOS, INDIRETOS E INDUZIDOS, FALAR DE MIL EMPREGOS NA FÁBRICA DE COMBOIOS DE OVAR ATÉ É UMA VISÃO CONSERVADORA" - ENTREVISTA A MIGUEL RAMOS

Dinheiro Vivo

2023-05-06 06:01:03

d gócios r. $ S3 4 11 1E98 CPEFFS a hozoty. Miguel Ramos "Somando postos diretos, indiretos e induzidos, falar de mil empregos até é um número conservador" CEO da Salvador Caetano acredita que começará a construir comboios em Ovar em 12 a 14 meses. E sublinha que serão feitos "com tecnologia e mão-de-obra portuguesa". Texto: Joana Petiz la Lepètrak á um mês, a portuguesa Salvador Caetano anunciou a assinatura de uma "aliança estra tégica" com a Stadler, empresa suíça que acumula 80 anos de experiência na construção de comboios, para a criação de uma fábrica de veículos ferroviários em Ovar, com a qual "pretende revolucionar a área da mobilidade em Portugal", conforme noticiou o Dinheiro Vivo. O projeto que une Salvador Caetano e Stadler é um dos três na fase foral do concurso da CP-Comboios de Portugal (CAF e o consórcio Alstom-DST são as outras), cujo resultado será conhecido até ao final de junho. Sem adiantar o investimento previsto ou prazo para a conclusão, o principal objetivo anunciado para a fábrica será a produção de 117 comboios no âmbito do dito concurso público que a CP lançou em 2021 e que a Stadler venceu, prevendo-se que a unidade de Ovar seja complementada com a construção de uma oficina de manutenção em Guifóes, no Porto. Com atividades na produção automóvel, autocarros e aeronáutica, na distribuição automóvel, nos serviços de mobilidade flexível e no desenvolvimento de soluções de mobilidade elétrica, incluindo o hidrogénio, este passo marca a entrada da Salvador Caetano numa nova área de negócio, que acaba por complementar a área de atuação da empresa portuguesa no sentido das atuais transformações do setor da mobilidade europeia. Em entrevista, o CEO da Salvador Caetano, Miguel Ramos, explica o racional do negócio e avança as expectativas de impacto desta na região Norte. "Não há comboios mais portugueses do que os que vamos produzir em Ovar. Isso é um trunfo para o concurso da CP." ,! 2,9 carruagens por ano. E qual é o impacto estimado na nova fábrica para as empre-sas portuguesas de fornecimento de componentes de outros setores industriais? Acreditamos que a construção desta fábrica vai dar um impulso considerável à indústria ferroviária portuguesa, que atualmente não dispõe de nenhuma unidade dedicada a comboios, acelerando a participação de empresas portuguesas no fornecimento de componentes de outros setores industriais. Algo muito semelhante ao exemplo do que sucedeu com gigantes internacionais que escolheram Portugal para instalar as suas unidades fabris. Especialistas da área apontam para a criação de mil postos de trabalho nessa unidade. É uma projeção razoável? Este projeto irá seguramente criar centenas de empregos qualificados nesta região. E se incluirmos os diretos, indiretos e induzidos, atrevo-me a dizer que esse até é um número conservador. Há perspetivas para uma data em que a unidade de Ovar possa entrar em funcionamento? Para sermos sérios, temos de assumir que nestes processos há sempre algumas coisas que não dependem só de nós. Mas se tudo correr como esperamos, o trabalho de construção da fábrica poderia começar em cerca de oito meses, para começar a fazer comboios em cerca de 12 a 14 meses. E quando poderão ser entregues as primeiras carruagens? As primeiras carruagens produzidas pela Salvador Caetano e pela Stadler, no âmbito deste projeto, terão de começar a ser entregues na data definida no contrato. A ferrovia será um negócio para ficar? Como qualquer projeto empresarial, a viabilidade a longo prazo tem de ser salvaguardada.Tudo dependerá da evolução do mercado. Estou convencido de que as perspetivas para o setor ferroviário são boas a médio e longo prazo. A Europa assumiu compromissos muito exigentes para descarbonizar a economia e, para o conseguir, é necessário transferir o transporte de pessoas emercadorias para o caminho-de-ferro. O caminho-de-ferro está, por conseguinte, no centro da mobilidade do futuro. Dito isto, a adjudicação da construção dos 117 comboios proporcionaria o volume de trabalho neci-qcário para, numa primeira fase, conferir um quadro de estabilidade à nova unidade, consolidando-a e preparando-a para enfrentar outros desafios no futuro. Com I.P. Mil milhões de euros Foi o volume de negócios do grupo Salvador Caetano em 2022. A empresa está presente em 41 países e três continentes. 117 Comboios Entrada da Salvador Caetano nesta área de negócio, prevê a produção, entre outros, dos n7 comboios previstos no âmbito do concurso público para a CP. 200 Carruagens por ano A Mura fábrica terá capacidade para produzir, numa primeira fase, até 200 carruagens por ano. O que levou a Salvador Caetano a alargar o negócio à ferrovia? As perspetivas para o setor são boas. O crescimento das grandes cidades, a configuração da mobilidade como um direito, a necessidade imperiosa de descarbonizar os transportes conduzem-nos a um cenário em que a aposta no caminho-de-ferro é unãnime. O facto de avançarem em consórcio com a Stadler facilitou a decisão, na medida em que a empresa suíça traz o conhecimento que faltaria à Salvador Caetano? A possibilidade de iniciar esta diversificação com a Stadler, um dos principais fabricantes de material circulante com a tecnologia mais avançada do setor a nível mundial, garante o êxito do projeto e a qualidade dos futuros comboios portugueses. Além disso, tanto a Stadler como a Salvador Caetano partilham interesses no setor da mobilidade, entendida em sentido lato, e estamos unidos por uma visão empresarial, orientada para a qualidade, excelência, inovação e sustentabilidade, o que facilitou o entendimento para a concretização 1 desta aliança estratégica. Considera isto a evolução na-tural da vossa atividade, mes-mo que não assegurem o con-trato com a CP? Sem dúvida. Temos muitos anos de experiência acumulada na construção de automóveis, para a Toyota, bem como de autocarros, vendidos em todo o mundo. Este conhecimento acumulado é um valor seguro que aportamos ao projeto e que dá garantias à CP de que esta parceria tem uma componente nacional de créditos rimados no setor industrial e da mobilidade, que não começa do zero. A proposta da empresa para a CP, em conjunto com a Stadler, prevê a construção de uma fábrica em Ovar. Essa aposta na produção nacional será um trunfo para o projeto? Não há comboios mais portugueses do que os que vamos produzir em Ovar, pois não só os vamos construir em Portugal, como utilizaremos tecnologia e mão-de-obra portuguesa. E isso é um trunfo para o concurso da CP, sim. Que dimensão terá essa nova fábrica e qual a capacidade de produção que esperam criar? A fabrica de Ovar dispõe do espaço de mais de 500 mil metros quadrados para desenvolver o projeto. A capacidade de produção depende do tipo de veículos a serem produzidos, mas atrever-me-ia a dizer que a nova fabrica que será construída, terá uma capacidade que lhe permitirá produzir, numa primeira fase, até 150 ou mesmo 200