CVM INVESTE 18 MILHÕES EM TERRENO COMPRADO À SALVADOR CAETANO
2023-11-06 09:36:05
O grupo CVM (Construções Vila Maior) arrancou com o Royal Green, nome da nova torre residencial, com 14 pisos, dos quais 11 acima do solo, que vai nascer em frente ao GaiaShopping, num terreno que no passado recente, durante muitos anos, era ocupado, nas épocas de Natal, pelo Circo Mundial. Na gaiense Avenida dos Descobrimentos, uma parcela do grande descampado existente em frente ao centro comercial GaiaShopping , que em tempos, nas épocas de Natal, era ocupado pelo Circo Mundial , foi comprado pelo grupo CVM (Construções Vila Maior) à Auto Partner, empresa do universo Salvador Caetano. “Foi em dezembro passado que adquirimos esse terreno, que tem uma área de 962 metros quadrados, onde começámos em setembro a construir o Royal Green, num investimento global da ordem dos 18 milhões de euros”, revelou Severino Ponte, CEO do grupo CVM, em declarações ao Negócios. O Royal Green é o nome da torre residencial a nascer no local, que terá 14 pisos, dos quais 11 acima do solo, perfazendo uma área de construção superior a 10 mil metros quadrados. Num total de 100 frações, das quais apenas uma de área comercial, o empreendimento habitacional tem a assinatura do arquiteto Paulo Moreira e promete destacar-se pelo “jardim vertical na fachada”, realçou Severino Ponte. Garantindo que dois terços do Royal Green “já estão comercializados”, o empresário detalhou que os 51 apartamentos de tipologia T1, com 55/60 metros quadrados, têm preços que oscilam entre os 145 mil e os 170 mil euros, enquanto os T2 (36 frações), com áreas de 80 a 100 metros quadrados, estão à venda por 230 mil euros. Há ainda uma dúzia de T2 duplex, com o PVP de cada um fixado em 350 mil euros. Com uma estimativa de “cerca de 30 meses de obra”, o Royal Green, que será ainda dotado de ginásio, lavandaria e espaço de “coworking”, deverá ficar “concluído em março de 2026”, sinalizou o CEO da CVM. A promotora do Royal Green é uma empresa denominada Four Partners Investments, que é detida a meias pela CVM e a A4 Empreendimentos, sociedade controlada “por dois investidores brasileiros”, que estão em Portugal há meia dúzia de anos e têm outros investimentos conjuntos em curso, em Gaia e em Matosinhos, com o grupo de Severino Ponte e Ângelo Marques. Investimento de 170 milhões de euros em curso O grupo CVM tem atualmente em desenvolvimento, nos concelhos de Gaia, Espinho e Matosinhos, “um total de 870 frações, das quais 600 já em obra, num investimento global que ronda os 170 milhões de euros”, sintetizou Severino Ponte. Acresce o negócio do arrendamento industrial, corporizado pelos 15 milhões de euros que está a investir na construção do Parque Empresarial A32, em Santa Maria da Feira, para onde transferiu recentemente a sua sede. Fundado em 1989, a CVM alia a atividade de promoção imobiliária à de construção, apresentando no currículo “900 frações construídas no Porto e em Gaia nos últimos 10 anos”. De acordo com o CEO, a construtora do grupo, que dá emprego a cerca de 370 pessoas, faturou 24 milhões de euros em 2022 e prevê fechar este exercício nos 30 milhões . "Os preços das casas deverão subir mais 10% no próximo ano" Severino Ponte, CEO do grupo CVM (Construções Vila Maior), que tem em curso um investimento de 170 milhões de euros no Grande Porto, prevendo colocar no mercado mais 870 frações nos próximos três anos, acredita que Portugal está na antecâmara de uma bolha imobiliária. O mega pacote lançado pelo Governo não vai resolver o problema do acesso à habitação em Portugal? Não vai resolver porque irá condicionar novos projetos, portanto, vai haver menos produto no mercado. Acredita que podemos estar perante uma bolha imobiliária? Acredito. Porque existem projetos que estavam pensados de acordo com a alteração legislativa, que vão ficar parados. Os preços de venda tendem a subir... Mais? Acredito que sim. Ainda não atingiram máximos? Não. Acho que os preços vão subir. Se fizermos matematicamente projetos em zonas ARU [Áreas de Reabilitação Urbana], que deixaram de ter IVA de 6%, passando para 23%, os custos sobem diretamente 17 pontos percentuais. Isso tem reflexo direto no preço de venda. Com base nesse pressuposto, quanto é que, em seu entender, os preços poderão subir no próximo ano? Muito próximo dos 10%. Já tivemos um aumento do custo de construção relacionado com a falta de materiais, hoje vai existir uma alteração no custo direto de construção , o IVA é um custo para o promotor imobiliário. Isto associado à morosidade dos processos de licenciamento, que foi uma matéria que se agravou imenso no último ano, com uma taxa de juro atual, os custos financeiros dos projetos também aumentaram... Tudo isto impacta nos preços de venda, pelo que não tenho dúvidas de que todos os produtos que vão entrar no mercado irão ser mais caros do que os preços que estão a ser hoje praticados. E como é que tudo isto poderá impactar a atividade do seu grupo? Os projetos que temos em curso, assim como os que estão em fase final de licenciamento, ainda nos permite ter produto, nos próximos dois anos, sem esse incremento no custo , muitos deles em zona ARU, pois já estavam licenciados antes da saída da lei. Já os projetos novos e os que começam a ser pensados hoje, esses terão nitidamente esse reflexo, porque só está abrangida pelos 6% de IVA a reabilitação pura de edifícios. O nosso parque habitacional, para ser reabilitado, não acredito que tenha condições para ser um produto acessível ao cliente nacional. Isso significa que projeta vender menos? Não acredito que haja redução à vista, mas sim que o mercado tem de se adaptar ao que vão ser os novos preços. A procura está tão lá em cima que tudo continuará a ser escoado ? Poderia reduzir a compra se houvesse mais mercado de arrendamento, que não existe. As pessoas ou saem do país porque não têm onde morar, ou continuam a morar em casa dos pais até aos 50 anos. Continuamos a ter mais procura do que oferta. Há meia dúzia de anos víamos painéis de venda nas cidades, agora quase que não vemos isso. Hoje, edifícios em início de construção com taxas de venda de 70% existem muitos, o que significa que a procura está muito mais acelerada do que a oferta. Não acredito que haja redução [dos preços das casas] à vista, mas sim que o mercado tem de se adaptar ao que vão ser os novos preços. Rui Neves ruineves@negocios.pt 08:30