Empresas de recursos humanos dizem que, este ano, existe maior procura por trabalhadores ocasionais. Grande distribuição aposta nas promoções para atrair clientes. Com a aproximação da Black Friday (dia 24 de novembro) e da época natalícia, entramos no pico do comércio, o que obriga as empresas a reforçar equipas para corresponder ao consumo extra. De acordo com as companhias de recursos humanos, este ano, há uma aposta reforçada nas contratações temporárias. Em períodos especiais como este, e dependendo das circunstâncias, "podemos estar a falar de necessidades de mais de 100 trabalhadores temporários por empresa", revela ao Dinheiro Vivo, a country leader do grupo Eurofirms em Portugal, Sara Pimpão. A responsável desta empresa de recursos humanos adianta que, apesar das necessidades para a época de Natal, e de geralmente o aumento de pedidos de reforços concentrar-se mais a partir da segunda quinzena de novembro, este ano, a recrutadora já tem "pedidos de algum volume, nomeadamente para empresas ligadas à área da alimentação". A incerteza económica que Portugal atravessa parece não inibir os comerciantes, tanto que, "este ano, estamos a assistir a um aumento de 38% no número de pedidos por recursos humanos", diz a brand leader da Manpower. E, como detalha Daniela Lourenço, o número de pedidos para estes reforços temporários depende da época em questão e da dimensão da empresa que os requisita. "A época do Natal traz sempre um grande volume de pedidos por colaboradores temporários, com uma média de pedidos muito alta, por vezes na ordem das centenas". Referências confirmadas também pela Multipessoal. De acordo com Eduardo Gomes, o sourcing manager da empresa, "este ano, o número de pedidos para a Black Friday e época natalícia já é superior ao do ano passado". Com base nos pedidos que a empresa já recebeu, afirma estar a falar "de valores médios na ordem dos 250 a 300 trabalhadores contratados para esta época especial". Com o mercado das contratações temporárias tão ativo, o presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Setor Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH ) afirma que este "será um período muito dinâmico e exigente no que diz respeito à gestão de recursos humanos". No entanto, Afonso Carvalho não tem dúvida de que, apesar de serem reforços temporários, "as empresas estão sempre muito atentas, ainda para mais, no contexto atual onde a rotatividade é elevada, pelo que aproveitam ocasiões como a Black Friday para reter os melhores trabalhadores". "Existem muitos casos onde propõem contratos de maior duração, não só para fazer face à época do Natal, mas por vezes para suprimir outras necessidades de longo prazo", garante ainda. Distribuição Contactada a grande distribuição, a maioria das marcas garante que, este ano, não vai recorrer a temporários para estas épocas, até porque foram reforçando os seus quadros nos meses anteriores. Apenas o El Corte Inglés explicou que já iniciou as contratações para o período do Natal e que tem mais de 500 vagas em aberto. O grupo Os Mosqueteiros disse que, por ser composto por empresários independentes, se houver necessidade de reforçar equipas, tal fica a cargo de cada um. Já o Continente refere que o seu "planeamento está continuamente a ser atualizado por forma a garantirmos que, nomeadamente na época de Natal, nada faltará aos clientes". Por outro lado, e no que diz respeito a promoções, a quase totalidade das marcas afirma que, à semelhança dos anos anteriores, vai proceder a reduções de preços nesta época. O El Corte Inglés, por exemplo, considera que a Black Friday "é um conceito promocional muito importante para o comércio". "Na Black Friday, as promoções afetam todas as áreas de negócio com destaque para a tecnologia, eletrodomésticos e gadgets" diz a empresa, que afirma que o resultado é sempre muito positivo: "Em algumas situações, tivemos vendas recorde". De acordo com uma análise do KuantoKusta, o que os portugueses mais desejam comprar, para aproveitar as promoções da Black Friday, são produtos das categorias de tecnologia e eletrodomésticos (smartphones, televisores e frigoríficos). Como foi em 2022 Para comprovar que os consumidores aderem com entusiasmo a comprar nestas épocas, revelou a Reduniq (empresa de pagamentos em terminais e online) que, no Natal de 2022, "verificou-se um aumento de 25% da faturação e o gasto médio foi de 231 euros, comparado com 207 euros em 2021". Na Black Friday, a empresa viu a faturação aumentar 11% e , no que diz respeito às transações, 17%. Já a SIBS (gere a rede Multibanco) diz que a 23 de dezembro de 2022 registou-se o maior número de compras por segundo, desde sempre, com 365 transações por segundo. Nesse mesmo dia, aconteceu também o maior número de compras físicas diárias na rede Multibanco, com 82 pontos base acima da média registada durante todo o ano. Na Black Friday do ano passado, o comércio eletrónico continuou a ganhar peso nas compras em Portugal. "Mais de um quinto (22%) do valor gasto foi em compras online", tendo superado os 18% do valor de compras online no ano anterior, revelou a empresa.