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BLACK FRIDAY: VALE A PENA SE A CARTEIRA É PEQUENA?

Negócios Online

2023-11-19 13:41:06

Aproveitar a Black Friday pode ser um verdadeiro dilema. Por um lado, há grandes descontos, por outro, orçamentos apertados pedem mais cautela. E com promoções desde outubro pode até haver oportunidades que já passaram. O calendário coloca "oficialmente" a Black Friday a 24 de novembro - o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças -, mas as grandes promoções já andam um pouco por todo o lado, abrindo cada vez mais cedo o apetite para as compras de Natal. E, este ano, com uma potencial retração do consumo no horizonte, a adesão à "moda" importada dos Estados Unidos ganha particular relevo, figurando como uma estratégia "importante" para garantir que a "época dourada" não perde o brilho. Seja nas lojas ou na internet, os descontos galgam as fronteiras do comércio. A hotelaria, a aviação ou a as telecomunicações são três exemplos de outros setores que também se têm deixado seduzir pelas vantagens de apostar na Black Friday que hoje conquista até o mercado imobiliário. 58Processos da ASAE Em 2022, a ASAE instaurou 58 processos de contraordenação durante Black Friday. O consumidor só tem a ganhar com maior e mais diversificada oferta, mas no meio da "avalanche" de anúncios, nem tudo vale a pena - sobretudo se a carteira é pequena, com os os tempos que grassam, pautados por orçamentos familiares mais apertados designadamente pelo aumento das prestações da casa, a exigirem cuidados redobrados nas compras., pelo que informação é poder. Várias campanhas e com maior antecedência podem ser mais confusas para consumidores. "A nossa preocupação é que o consumidor seja cada vez mais informado de modo a realiza o melhor negócio possível", diz Soraia Leite, porta-voz da organização de defesa do consumidor Deco Proteste. Mas a tarefa não é fácil, considerando que "hoje já temos muitas pré-Black Friday", admite. André Duarte, diretor comercial do KuantoKusta, subscreve, constatando que "começaram a ser lançadas muitas campanhas e com muita antecedência", o que "acaba a confundir os consumidores". O vai e vem dos descontos Além dos preços, quem pretende aproveitar a temporada das grandes promoções deve ter em atenção os prazos das campanhas, porque pode ter de apressar o passo, dependendo do que procura, e até mesmo deixado passar um potencial bom negócio. A título de exemplo, no vasto universo que engloba as tecnologias, eletrónica e eletrodomésticos - uma das categorias mais procuradas - a Worten abriu a temporada de descontos a 26 de outubro, com uma campanha com a duração de um mês, enquanto na Fnac a Black Friday chegou a todas as lojas a 17 de novembro e na Rádio Popular arrancou três dias antes. 1.000Vendas online Europago prevê que faturação do comércio online português supere marca dos mil milhões. No El Corte Inglés uma das estratégias foi criar pré-campanhas por categorias por um período limitado em jeito de aquecimento. Na loja de decoração do Gato Preto, as promoções também têm sido divididas - em têxteis e sofás já passaram. De 21 a 26 de novembro há novo ciclo, mas os produtos que estarão a preços reduzidos são ainda "surpresa". Os preços reduzidos da época nos materiais de construção, bricolage e jardim da Leroy Merlin estão disponíveis todo o mês, enquanto os móveis na Conforama até terça-feira. O comércio independente, ou seja, as lojas que não estão ligadas a grandes cadeias, incluindo as de rua, também tem aderido à Black Friday, com "muitas" a usarem esta estratégia para impulsionar as vendas do Natal, como atesta o vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, Vasco Mello. 290Gastos planeados Maioria dos portugueses (72%) planeia gastar, em média, 290 euros, diz estudo da GFK. Já propostas além do comércio incluem, entre outras, as telecomunicações, com as principais operadoras a oferecerem produtos, como telemóveis ou pacotes a preços especiais, mas também a indústria hoteleira, caso do grupo Axis ou da Vila Galé, e na da aviação, como é exemplo a TAP que tem voos a preços mais baixos até dia 24. Conjuntura traz nova tendência As categorias de tecnologia e eletrónica lideram as pesquisas durante a Black Friday e no caso do KuantoKusta não é diferente. André Duarte, diretor comercial do comparador de preços e "marketplace", nota, no entanto, mais buscas por bens essenciais de uso recorrente, como produtos de saúde e beleza, o que atribui à atual conjuntura económica, caracterizada por orçamentos mais apertados. Um cenário que "não veio ajudar ao aumento de pesquisas e de transações", que se encontra, por esta altura, em níveis idênticos ao do ano passado, adianta o mesmo responsável. "As pessoas estão mais sensíveis aos preços, mais reticentes", diz, embora, a olhar pelo histórico de anos anteriores, as compras devem aumentar esta semana propriamente dita, ou seja, nos dias que antecedem o feriado norte-americano do Dia de Ação de Graças. "Na semana da Black Friday as transações chegam a triplicar ou quadruplicar" face ao normal que é "na ordem das 1.000 a 1.500 por dia", indica o diretor comercial do KuantoKusta. Tome nota Recomendações a ter em conta antes e durante as compras Em tempo de vacas magras fazer um bom negócio ganha particular importância. Eis uma lista de recomendações para a Black Friday, incluindo da Deco Proteste e da ASAE, para que o barato não saia caro. | Dizer não a compras levadas por impulso Antes de decidir comprar (quer seja ou não na Black Friday) convém pensar duas vezes. É algo que realmente precisa ou simplesmente acha que está muito mais barato do que costuma estar? Tentar evitar as compras por impulso, ou seja, que não sejam necessárias, é importante não só para prevenir desvios no orçamento como maus negócios em termos do preço do produto. | Comparar, sempre Comparar é o principal mandamento - não há ninguém que não o recomende. E não há razão para não o fazer, até porque ferramentas que o permitem fazer de forma intuitiva não faltam (Deco Proteste, KuantoKusta ou ComparaJá são três exemplos). Ao ver a evolução dos preços de um determinado produto num intervalo de uma semana, um mês ou três meses, o consumidor pode então aferir se as anunciadas "ofertas imperdíveis" são reais ou fictícias. | Procurar garantir navegação segura Para quem pretende aproveitar a Black Friday através de compras online a segurança dos "sites" e "apps" que está a utilizar para evitar "phishing" deve ser uma preocupação, pelo que deve assegurar que são verdadeiros e fidedignos. A Deco Proteste dispõe de uma ferramenta que permite verificar se um "site" é seguro. | Privilegiar certos meios de pagamento Na hora de realizar compras online deve privilegiar determinados métodos de pagamento, seja, por exemplo, a referência multibanco ou cartões de crédito virtuais de valor único. O essencial é disponibilizar o mínimo de dados possíveis que possam levar a que seja eventualmente vítima de fraude. | Verificar prazos de devolução Um dos pontos fundamentais para este dia é verificar qual a política de trocas e de devoluções após o processo de compra. Se bem que, por esta altura, grande parte das lojas estende até meados ou finais de janeiro, para permitir eventuais trocas depois do Natal, convém estar atento. | Denunciar em caso de irregularidade Por fim, caso verifique ou suspeite de alguma situação irregular o conselho é que a participe à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), o órgão a quem compete a fiscalização. Diana do Mar dianamar@negocios.pt | José Tiny - Ilustração 13:00