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GIG ECONOMY: GANHOS EXTRA E FLEXIBILIDADE HORÁRIA SEDUZEM PORTUGUESES

Dinheiro Vivo Online

2023-05-28 08:34:04

Inquérito da Fixando conclui que a geração millennial valoriza a conciliação entre emprego e prestação de serviços através das plataformas digitais. Comentar Com a pandemia chegou também a instabilidade económica, em especial, a nível laboral. No entanto, e talvez por estarmos fechados em casa, assistimos a uma aceleração da digitalização, onde as plataformas online nos mantiveram ligados ao resto do mundo. Um dos exemplos dessa aceleração é a chamada gig economy, ou a utilização das apps (plataformas digitais) para encontrar prestadores de serviços que são pagos por essa tarefa. Basta olhar para o seu smartphone e ver a lista de aplicações - desde a distribuição de comida à limpeza da casa - para perceber que é utilizador dessa economia. Foi com o objetivo de obter a perceção das várias faixas etárias portuguesas sobre este modelo de trabalho que a plataforma de contratação de serviços Fixando inquiriu 550 pessoas que prestam serviços temporários. Como explica ao Dinheiro Vivo o CEO Miguel Mascarenhas, a maior vantagem que os inquiridos destacam é "a independência financeira e possibilidade de auferirem um rendimento extra". Uma vantagem que se torna muito relevante para a geração millennial (nascidos entre 1981 e 1995), uma vez "que estão a iniciar a sua vida profissional e valorizam poder conciliar estes trabalhos com o seu emprego, o que lhes é garantido também pela flexibilidade de horários", detalha o gestor. O responsável frisa, ainda, que em todas as gerações - com exceção da Z (de 1995 até 2010) - a inclinação para pequenos trabalhos é maior do que para um part time convencional, devido à flexibilidade horária e ganhos extra. Tal como afirma o treinador de jogos online, André Dias: "Atrai-me o facto de ter liberdade e gestão total do meu horário. E cada vez mais a procura aumenta e o gigs-freelance é mais aceite, normalizado e procurado", afirma o jovem de 25 anos que treina equipas remotamente. "Tive e tenho um trabalho baseado em gigs e a curto prazo quero manter, porque adoro o serviço que faço", declara, embora não perspetive continuar esta forma de trabalhar a longo prazo. "Exige várias skills que se perdem com a idade e, na minha área, o serviço em questão não é escalável até ser estável". Os setores com mais oferta Também a possibilidade de auferir um rendimento extra é um apelo para procurar esta atividade. "Tenho procurado estes trabalhos, sobretudo, para ganhar um rendimento extra e, em parte, pelo desafio de realizar algo diferente de todo o meu percurso profissional até ao momento", diz Igor Martins, de 23 anos, que trabalha em organização de team buildings e é fotógrafo de imóveis. Mas também para Igor Martins o ideal seria, "a longo prazo", ter a sua própria empresa". Segundo Pedro Amorim, corporate clients director do Manpower Group e managing director da Experis, são vários os setores que apresentam soluções ao nível destas plataformas. "Um claro exemplo é no setor da logística e mobilidade, em negócios como plataformas digitais de entrega. Mas, tanto em B2B (business to business) como no B2C (business to consumer), há um crescimento na oferta de plataformas", detalha. Rute Belo, national senior manager de Recrutamento e Seleção Especializado na Multipessoal, concorda com Pedro Amorim e acrescenta "os serviços de freelancer (como redação, design gráfico, programação, marketing digital, consultoria), tarefas domésticas, e o turismo e hospitality. Vemos também a área de serviços mais técnicos (como canalização, ou eletricidade) em ascensão nestas plataformas", especifica. Já a nível académico, este é um mercado transversal. "Desde um nível de formação básica a altamente qualificado. Estes últimos estão presentes, nomeadamente, nas plataformas tecnológicas, que integram trabalhadores de várias partes do mundo com skills técnicas muito avançadas", afirma Pedro Amorim. "Embora não exista uma exigência específica em termos de background académico, é comum encontrar colaboradores com diferentes níveis de educação, desde pessoas com o ensino mínimo obrigatório (ou até menos), até licenciados, ou mestres", complementa Rute Belo. Apesar de, como refere Pedro Amorim, a gig economy abrir espaço à criação de emprego fora dos modelos tradicionais e haja uma tendência para que a procura aumente, Rute Belo - que reitera este facto - não deixa de alertar para a existência de desvantagens, "nomeadamente, questões associadas à falta de proteção laboral, neste contexto, e à desigualdade entre prestadores de serviços". Por seu turno, o presidente da Associação das Empresas do Setor Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH), Afonso Carvalho, diz que a gig economy "tem fortalecido as economias emergentes e os países mais desenvolvidos, pelo que só por isso deveríamos encará-la, respeitá-la e melhorá-la, aprendendo com o melhor que se faz por esse mundo fora". E louva a flexibilidade desta economia que "tem sido extremamente útil para as empresas garantirem os seus níveis de produtividade e de imprevisibilidade".