DESLIZES DE SÁNCHEZ ALAVANCARAM SUCESSOS À DIREITA
2023-06-19 06:00:59

A SSUN TOS EXTERNOS Presidência espanhola da UE não sera prejudicada No meio da tempestade política que se vive em Espanha, o país assume, a 1. de julho, a presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE). Apesar de ter pedido o adiamento do discurso no Parlamento Europeu sobre as prioridades de Madrid para os próximos seis meses, Pedro Sánchez tem desvalorizado a interferência da realização de eleições antecipadas no papel desempenhado no seio da UE. Para Marcos Farias Ferreira, o escrutínio pode "enfraquecer" a posição espanhola em Bruxelas, mas sem prejudicar o ciclo. Na perspetiva de Pedro Ponte e Sousa, "é importante não misturar a batalha política" com as obrigações de política externa. o ANÁLISE POLITICA Marcos Farias Ferreira Professor no ISCSP "Está a haver uma recomposição do bipartidarismo. Desde a última crise que o sistema politico está a modificar-se, dando lugar ao multipartidarismo" Pedro Ponte e Sousa Professor na Universida de Portucalense "A decisão de Sánchez de avançar para legislativas procura criar instabilidade nos adversários e pressionar diferentes eleitorados" oir wre e LA MEJOR ESPANA /". Deslizes de Pedro Sánchez alavancaram sucessos à Direita Ana Isabel Motora anamoura@jn.pt ESPANHA O fim da era de Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha, tornou-se evidente após as eleições municipais e regionais, nas quais o principal partido da oposiçâo, o Partido Popular (PP), obteve o maior número de votos. Os resultados inglórios alcançados pelo Partido Socialista (PSOE) motivaram o líder a antecipar as legislativas, que se realizam a 23 de julho, mas o ciclo que se segue, indicam as sondagens, pode estar prestes a encerrar um capítulo. Sánchez deverá abandonar o Palácio da Moncloa, dando lugar a uma Direita alavancada pelas suas falhas políticas. As eleições de 28 de maio são vistas como um teste ao Governo e a vitória do PP em várias regiões antecipa "a possibilidade de criação de uma dinâmica nova, que deixa antever alterações a nível nacional", assinala Marcos Farias Ferreira, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas (ISCSP) da Universidade de Lisboa. A QUEDA DO SANCRISMO O desejo de mudança foi sendo semeado nos últimos anos e a culpa pode ser atribuída a Sánchez. Farias Ferreira salienta que "o estilo autoritário e a política frívola" do primeiro-ministro podem não ter beneficiado a sua imagem, o que levou a Direita a criar o conceito "Sanchismo". Por outro lado, a reta final da atual legislatura ficou marcada por muitos altos e baixos. Foram notados "desentendimentosinternos", lembra o especialista, sobretudo com os parceiros do Unidas Podemos. Na hora de aprovar algumas leis, foi claro o clima de tensão no seio do elenco govemativo, o que acabou por impulsionar o nascimento da coligação Sumar, encabeçada por Yolanda Díaz. O professor do ISCSP nota ainda que "os pactos alicerçados com os independentistas da Catalunha e com os herdeiros da ETA no País Basco" nâo favoreceram Sánchez. Pedro Ponte e Sousa, professor de Relações Internacionais na Universidade Portucalense, acrescenta que a perda de apoio ao PSOE e a ascensão do PP que nestas eleições deverá ser o único partido a obter melhor melhores resulta Governação marcada por contrariedades que abrem a porta à liderança de Feijóo. PP precisa do Vox para obter maioria absoluta dos do que em 2019 - pode ser justificada, entre outras razões, por estar a haver "uma certa viragem da Europa à Direita". O analista explica que tem prevalecido "uma retórica política, social e cultural que tem beneficiado posicionamentos económicos mais próximos do neoliberalismo". Ainda assim, o especialista evidencia que o partido de Alberto Núiíez Feijóo também traz vários desafios a reboque, entre os quais "a fraca popularidade do próprio líder". Somam-se embaraços associados "à imagem muito negativa da liderança de Mariano Rajoy enquanto primeiro-ministro (2011-2018), os esquemas de compra de votos denunciados em Melilla, os casos de corrupção das últimas décadas e ainda a extrema 4- Num comício em Sevilha, no Sul de Espanha, Sánchez apelou aos eleitores para se mobilizarem contra a Direita, dizendo que "não há diferenças" entre o PP e o Vox FOTO CRISTINA QUICIERPAPP dependência do Vox", para conseguir uma maioria no Congresso dos Deputados. A pouco mais de um mês do escrutínio, numa entrevista ontem publicada pelo "El País", Pedro Sánchez mostra-se confiante, mas não esconde a preocupação com o facto de a extrema-direita poder entrar para o Executivo central. "Muito mais perigoso do que o Vox é o PP assumir as suas politicas", alertou, um dia após se ficar a saber que o partido de Santiago Abascal conseguiu participação em 140 autarquias espanholas. CENÁRIO POSSÍVEL Uma sondagem publicada no início da semana pelo jornal ABC indica que o PP conta com 36,6% das intenções de voto, podendo alcançar entre 150 e 153 assentos no Congresso.Ainda que a solo o partido de Alberto Núfiez Feijóo não consiga obter uma maioria absoluta (para tal, são necessários176 lugares no Parlamento), uma aliança com o Vox trará essa possibilidade, já que o partido de Abascal deverá contar com 12,4% dos votos, sentando entre 33 a 35 parlamentares. Caso as duas forças se unam, e mesmo no pior cenário, será o suficiente para somarem a maioria necessária para formar Governo. O segundo partido mais votado seria, segundo a sondagem, o PSOE, que com 27,7% das intenções devoto poderia eleger entre 101 a 104 deputados, não sendo o capaz de se manter no poder. Mais à esquerda, acoligação Sumar, que vai a jogo em confluência como Unidas Podemos e outras formações da mesma ala, deverá conseguir entre 27 a 29 deputados (com 11,2% dos votos), sendo que, mesmo que a aliança se unisse ao partido de Sánchez, as duas formações não conseguiriam destronar a Direita.