pressmedia logo

O TRAMBOLHÃO DE MACRON E SCHOLZ, O FURACÃO MELONI E VON DER LEYEN... PODE GUARDAR O CHAMPAGNE

TSF Online

2024-06-10 06:00:15

Os efeitos das eleições europeias nos governos dos vários países europeus Em França, o estrondoso mau resultado dececionante do partido de Emmanuel Macron levou o presidente a convocar eleições legislativas antecipadas para o final de junho (com esta medida inesperada e arriscada, procura obter uma segunda vida, mas também pode levar a uma coabitação Macron-Le Pen), se o Rassemblement National repetir nas legislativas de 30 de junho e 7 de julho a vitória desta noite. Na Bélgica, o chefe de governo demitiu-se. Em lágrimas, primeiro-ministro Aklexander de Croo anunciou a demissão, depois de o seu partido ter caído a pique nas eleições. O Partido dos Liberais e Democratas Flamengos conseguiu eleger apenas um deputado para o Parlamento Europeu e 5,%% dos votos, quase um terço dos vencedores, o Vlaams Belang ou VB, um partido político de direita ou extrema-direita (14%). Na Alemanha, os três partidos da coligação no poder sofreram perdas eleitorais e só à justa o SPD de Olaf Scolz conseguiu suplantar no segundo lugar a extrama-deira (AfD, Alternjativa para a Alemanha), num país onde aconteceu uma vitória confortável dos democratas-cristãos da CDU. Os partidos da coligação Semáforo, no governo (que integra os sociais-democratas, além dos Verdes e dos liberais) saem destas eleições enfraquecidos para a corrida às legislativas federais no próximo ano. Em Espanha, o Partido Popular cantou vitória, aumentou a representação no PE em nove mandatos (todos os que perdeu o Cuidadanos - oito - e o que perdeu o PSOE), contribuindo de forma decisiva para o aumento de 14 deputados da família do Partido Popular Europeu, no conjunto dos estados-membros. Mas a vitória folgada do PPE não deveria ter provocado um tom tão vitorioso ao discurso de Ursula Von Der Leyn, como afirma Pedro Ponte e Sousa, Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Professor na Universidade Portucalense: "Deve manter o champanhe no frigorífico", quando afirmou que o "centro se tinha aguentado". "Não é ainda certo que que seja como aquilo que tivemos nas últimas eleições em 2019". Aí, Von Der Leyen "contou com o centro-esquerda (S&D), onde está o Partido Socialista e com os Liberais para permitirem o mandato à Comissão Europeia. Só que dentro destes partidos, incluindo o próprio PPE de Von der Leyen, houve cerca de 100 eurodeputados - cem! - que não votaram, apesar de instruções nesse sentido, nomeadamente pelos líderes partidários nacionais de cada um". Agora, entende Ponte Sousa, que "é muito improvável que consiga facilmente um acordo com parte das extremas direitas, nomeadamente com o que temos visto com O Pacto Verde, por exemplo, muito contestado, com o Pacto para as Migrações, que também é contestado pela extrema-direita. Apesar das muitas cedências feitas a esta e, portanto, é provável que vejamos por parte da actual presidente da Comissão uma mesma tática, como vimos ao longo destas últimas semanas de procurar aproximar-se de uma das 2 extremas direitas, o grupo dos Conservadores e Reformistas (ECR), com partidos como os Fratelli dItáli da Georgia Meloni, com o Vox de Espanha, com o PiS (Partido da Lei da Justiça) da Polónia". O investigador salienta que "há uma diferença importante entre os parlamentos nacionais e o Parlamento Europeu e não é garantido que os grandes grupos de partidos votem no sentido que se espera de cada uma destas famílias." Em Espanha, o PSOE voltou às derrotas após a vitória nas regionais catalãs. O Vox aumentou a representação em dois, passando a ter seis deputados, o Sumar de Yolanda Diaz vai ter três, mas o Podemos perdeu quatro, numa eleição marcada pela entrada de rompante do "Acabou-se a Festa", partido de um influencer que vai ter três deputados no Parlamento Europeu. Na Polónia, a Coligação Cívica do actual primeiro-ministro e ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, bateu pela primeira vez numa década, o partido Lei e Justiça, o PiS do eurocético Jaroslaw Kaczynski. Foram menos de dois pontos percentuais - 37.40% contra 35,70% - e o mesmo número de eurodeputados (vinte para cada partido). Na Hungria, o TISZA - Partido do Respeito e da Liberdade, de Peter Magyar (da família do PPE), ficou sem segundo lugar, mas elegeu oito deputados, equivalente a mais de 30% de votos, apenas dois mandatos atrás do Fidesz de Viktor Orbán (43%), cujo partido foi afastado há uns anos da família do centro-direita e está actualmente nos Não-Inscritos. O principal resultado das eleições de hoje é uma viragem à direita no Parlamento Europeu (PE). Os três grupos de direita - desde o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita (191 eleitos), já que os grupos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) (71) e Identidade e Democracia (57), registaram ganhos de deputados. Pawel Zerka, investigador e Senior Policy Fellow do think-tank European Council on Foreign Relations (ECFR), estima que estes resultados possam ter "impacto nas políticas em matéria de clima, migração, alargamento, orçamento e Estado de direito, se os partidos de direita colaborarem" entre si. Nesta altua, os partidos de direita radical fazem parte dos governos nacionais em oito dos 27 países (liderando os governos da Hungria e Itália, fazendo parte da coligação governamental nos Países Baixos, Finlândia, Eslováquia, República Checa e Croácia, e dando apoio parlamentar ao governo sueco), podendo assim influenciar "a liderança e as prioridades da EU". Os europeus continuam a participar pouco nestas eleições (51%), estando os portugueses entre os campeões do abstencionismo (63%, bem acima da média europeia). Para o analista do ECFR, "apesar do maior interesse sugerido pelos estudos do Eurobarómetro, a campanha pareceu letárgica e os partidos pró-europeus tiveram muitas vezes dificuldade em mobilizar os eleitores", pelo que terão de "estudar a afluência às urnas com mais pormenor para perceber se o forte resultado da extrema-direita (por exemplo, a Reunião Nacional em França e a AfD na Alemanha) se deveu sobretudo a uma relativa desmobilização dos eleitores pró-europeus ou, o que é mais preocupante, a uma deslocação de alguns eleitores da corrente dominante para os partidos radicais (o que parece ter sido parcialmente o caso na Alemanha)". Os grandes derrotados destas eleições foram as famílias políticas dos Verdes e dos Liberais e (em muito menor grau) o centro-esquerda, que perderam dois lugares no Parlamento Europeu, precisamente os segundos deputados eleitos em 2019 pelo Bloco de Esquerda e pela coligação liderada pelo Partido Comunista Português. Mas, pelo menos para o centro-esquerda, afirma Zerka, "os seus reveses em alguns países foram contrabalançados por bons resultados em locais onde não governam - como a Holanda, a Suécia, Portugal ou Itália. O PSOE de Pedro Sanchez vai tornar-se o maior partido nacional do grupo S&D, apesar de ter ficado apenas em segundo lugar em Espanha". Sem dúvida vencedores destas eleições, são as duas famílias da direita radical. "Coletivamente, incluindo partidos não filiados como o AfD e o Fidesz, parecem estar perto de ultrapassar o limite de um terço dos lugares, o que lhes permite obstruir a legislação do PE. Em particular, Marine Le Pen e Giorgia Meloni saem significativamente reforçadas, com os seus partidos a conseguirem algumas das maiores representações de um só partido no próximo PE". Mas Le Pen terá de reafirmar a sua força nas eleições legislativas nacionais, que Macron repentinamente convocou para o final deste mês (30 de junho e 7 de julho). Meloni, afirma o analista deste ECFR (Conselho Europeu de Relações Externas), através de "uma posição forte do seu partido no PE e como líder do governo em Itália, será fundamental para moldar a próxima liderança da UE e a agenda estratégica da UE. A sua capacidade de equilibrar a cooperação com a direita radical e o centro-direita em várias questões", transforma-a numa figura-chave "para a orientação da UE nos próximos anos". O Presidente francês, Emmanuel Macron Ricardo Alexandre