ARTES PLÁSTICAS - MANUELA PIMENTEL: A POESIA NA TRADIÇÃO
2024-06-11 06:01:05

Artista apresenta exposição “Poéticas revolucionárias” no Museu do Azulejo Curadora Manuela Pimentel (PT, 1979) gosta de palavras e escolhe as que integram as suas obras com intenção, nunca perdendo um certo sentido de ação revolucionária que a leva a apropriar-se das mensagens que a rua acumula em sobreposição de infindáveis cartazes que dizem tudo do nosso tempo pós-moderno e da sua hiperprodutividade. No Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, a artista apresenta “Poéticas revolucionárias” uma exposição que reúne duas dezenas de obras, algumas inéditas, aproveitando-se para homenagear os poetas e dar o mausoléu às palavras. Retemo-nos na “Inquietação”, de José Mário Branco, que, numa parceria com a Viúva Lamego, a artista transformou recentemente em obra de arte para espaço público, pensada para o campus do dstgroup, em Braga. Manuela Pimentel parte dos poetas para reescrever, inscrever, a Revolução na simulação do azulejo que a sua obra faz entre os acumulados de cartazes, as argamassas e a pintura, que ora mimetizam as narrativas barrocas, ora reinventam novos lugares. Sobre esta exposição escreveram Capicua (PT, 1982) e Nuno Júdice (PT, 1949-2024) e ainda há 70 frases de ilustres anónimos, que responderam ao desafio da artista e lhe enviaram um “grito de liberdade”, agora escrito num azulejo falante. O que interessa é perceber como se celebra a tradição sem lugares-comuns e sendo capaz de ler o que brota hoje de informação visual nos tecidos urbanos. As obras são profundamente ricas e matéricas, plenas de elementos e de detalhes e a brutalidade do cimento com a delicadeza do papel, revelam-nos muito da complexidade das nossas cidades e das escolhas que o quotidiano nos impõe. Em algumas das obras, vemos a artista a recorrer ao néon e ao objeto tridimensional de forma mais clara, expandindo um certo campo da pintura e repensando o lugar do espetador. Para ver até ao final do mês de agosto de 2024. Museu Nacional do Azulejo “POÉTICAS REVOLUCIONÁRIAS” ATÉ 8 DE SETEMBRO As obras são profundamente ricas e matéricas Helena Mendes Pereira