ESPECIAL - DOSSIER: MUNICÍPIOS
2024-08-01 13:12:04
MUNICÍPIOS ESPECIAL Sustentabilidade e eficiência “dominam” opções dos municípios _Empresas. No Especial Municípios procuramos perceber a importância destes programas para as empresas e quais as actuais tendências que regem o mercado dos espaços públicos. Além de serem uma oportunidade de se posicionarem no mercado, as empresas destacam a tecnologia e a IA como alavanca para uma maior eciência e sustentabilidade das soluções e, por conseguinte, dos próprios municípios No que concerne à construção é dado destaque à habitação que, pela urgência do cumprimento do Governo quanto aos objectivos do PRR, tem vindo a ganhar novos fases de nanciamento e que é hoje uma fatia considerável das estratégias municipais. O Governo anunciou um reforço de cerca de 450 milhões de euros para “garantir a meta de 26 mil casas” na estratégia de habitação do Governo, num acordo assinado com 18 municípios para a construção de 4 483 habitações. Destas, 4 130, no valor de 400 milhões de euros, nos concelhos da Moita, Alcochete, Almada, Cascais, Fotos: DR Lisboa, Loures, Mafra, Odivelas, Oeiras, Sesimbra, Setúbal, Sintra, Vila Franca de Xira e Seixal, todos na região de Lisboa, e 355 fogos, no valor de 54 milhões de euros nos municípios de Fafe, Guimarães, Lamego e Matosinhos, na região Norte. Até agora já foram assinados mais de 300 contratos e termos de responsabilidade com os municípios, que representam projectos num valor global de cerca de 720 milhões de euros para construção e reabilitação de mais de 6 700 fogos. Recorde-se que foram inicialmente inscritos 1400 milhões de euros no PRR para a construção de 26 mil fogos. O anterior Governo reforçou essa verba em 390 milhões de euros, contudo, o actual executivo constatou que esse valor “não era suciente”. “Estamos a falar de 790 milhões de euros que o Orçamento vai alocar a este programa”, sem os quais não só não era possível construir as casas programadas, como não era possível utilizar a verba do PRR. Esta estratégia vai ao encontro da visão da União Europeia. Não só a Comissão Europeia tem vindo a impulsionar a criação de mais habitação pública, como se preconiza um novo paradigma mais acessível e mais sustentável. Neste desígnio, também o Banco de Investimento Europeu (BEI) tem vindo a denir a habitação como uma das suas principais prioridades, colocando-se ao lado dos países que pretendam trabalhar neste objectivo. Não só continua a sentir-se fortes lacunas em termos de oferta de habitação, como cerca de 90% do parque edicado na Europa ainda apresenta várias deciências em matéria de eciência energética. Portugal, através da sua agência ADENE, tem transposto várias directivas neste âmbito e criado mecanismos orientadores para que os municípios e que já se reectem nos contratos programa dos concursos. Participação nos concursos municipais Além de serem uma oportunidade de se “posicionarem”, as empresas destacam que através dos concursos municipais conseguem colocar as suas soluções no mercado a uma escala de cidade, o que não só acarreta uma maior responsabilidade, mas também impulsiona a eciência e a sustentabilidade dos produtos. Para a Smartlamppost, uma joint venture entre três dos mais importantes players da Europa, em estruturas metálicas, Telecomunicações, Power and Smart Cities, integrada na Metalogalva, a participação na estratégia dos municípios é visto como “acelerador” da implementação do conceito de Cidades Inteligentes. “O trabalho com os municípios é fundamental”, desde logo pelo seu foco na conectividade, mobilidade eléctrica, bem como toda uma diversidade de tecnologias de sensorização, indica Paulo Valente, CEO da empresa. Considerando ser de “extrema importância” a presença da empresa em obras municipais, Paulo Ribeiro, director comercial da Stet, reforça que numa óptica de “compromisso com a comunida-de”, esta parceria com os órgãos locais pretende ir ao encontro das necessidades de equipamentos “mais ecientes, mais amigos do ambiente e dos utilizadores”. Também para a Nogueira Fernandes, a participação da empresa nos concursos públicos é sempre um “desao”, ao qual acresce a “importância” de “promover a madeira e a construção ecológica na área pública”. “É fundamental mostrar que este material natural e sustentável, consegue ter um desempenho único e de excelência em qualquer espaço ou função”, arma Letícia Fernandes, responsável pelo departamento de Comunicação e Marketing da Nogueira Fernandes. Com uma longa história de colaboração com diversas câmaras municipais, a participação em concursos púbicos é “essencial” para a TPF Consultores. Além dos estudos de planeamento r reabilitação urbana, a empresa presta, ainda, serviços de projecto e scalização para áreas igualmente relevantes como a sustentabilidade e a eciência energética. “Esses projectos não só reforçam a nossa posição no mercado, mas também promovem a oportunidade de implementar soluções inovadoras e tecnológicas que beneciam as comunidades”, arma Jorge Latas, director do Serviço de Infraestruturas de Transportes. Com soluções de transporte, tratamento, analise e mediação de águas e águas residuais, que fazem parte da gestão operacional dos municípios, também para a Xylem, o sector municipal é um dos “principais segmentos de mercado”. “Participar activamente em todos os projectos promovidos pelos municípios, desde a fase de projecto, passado pelo fornecimento e apoio à instalação dos diversos equipamentos, até ao serviço pós-venda, é para nós vital porque nos permite acompanhar de perto as necessidades mais prementes de quem utiliza as nossas soluções”, indica Nuno Pinho, country manager da marca para Portugal. Foco na eficiência e digitalização Expandir o mercado onde actuam e aumentar a visibilidade dos produtos e serviços são alguns dos motivos pelos quais a Laserbuild considera “extremamente” importante a participação em concursos e obras promovidas pelos Municípios. Além disso, António Ribeiro, comercial manager da empresa, considera que, tendo como área de actuação o espaço público, estão a contribuir “directamente” para um ambiente “mais limpo e seguro”, nomeadamente, com os seus equipamentos de casas de banho e sistemas de protecção de paredes. Essencialmente a questão ambiental está hoje na ordem do dia. O utilizador encontra-se perante uma transição “fantástica” em que se passou de “uma fase muito focada no preço para um foco muito mais social e ambiental”. Letícia Fernandes, da Nogueira Fernandes, aponta como “maior” tendência no domínio dos concursos e em todas as áreas do sector a “sustentabilidade”.com uma “grande preocupação” em “reduzir a pegada ecológica” na área da construção, a responsável de Comunicação e Marketing da empresa acredita que “a madeira é o produto de eleição para chegar a esse grande objectivo”. “Digitalização e sustentabilidade” são, actualmente, as duas principais tendências dos contratos programa dos concursos públicos, aponta Jorge Latas. A resposta da TPF são soluções que se apresentam “alinhadas com essas tendências” e que “melhoram a durabilidade das infraestruturas e reduzem a pegada ambiental”. No que diz respeito à digitalização em estudos, projectos e scalização de obras, é utilizada a inteligência articial e a análise de dados para optimizar a manutenção e os investimentos em infraestruturas. Depois de dois anos de pandemia e mais dois anos de instabilidade nanceira, que levou ao aumento generalizado das matérias-primas foram muitos os contratos programa que foram cancelados porque os valores base já não correspondiam ao real custo dos projectos. Neste momento, Nuno Pinho acredita que esta questão está a ser ultrapassada com os concursos a permitem uma maior exibilidade e capacidade de decisão por parte dos municípios, o que é uma “tendência crescente” e “desejável”. Estratégia ambiental Como empresa que comercializa equipamentos para casas de banho públicas, sistemas de protecção de paredes e tapetes de entrada para edifícios públicos, reconhecem a importância de alinharem as suas operações e produtos com os princípios de sustentabilidade. Neste sentido, “as actuais exigências ambientais têm sido um catalisador para a inovação e melhoria contínua” da própria Laserbuild.com as exigências ambientais e de sustentabilidade no “centro” da sua actuação, a Smartlamppost propõe, por exemplo, soluções de alojamento urbano de tecnologias de forma centralizada, ou seja, numa coluna de iluminação. “Desta forma, permitimos aos municípios libertar vários pontos do espaço urbano, concentrando-o apenas num só”, indica Paulo Valente, CEO da Smartlamppost. Uma proposta que permite “reduzir o impacto” em várias áreas de preocupação, mas também, “uma ocupação do espaço mais ecaz” e uma “redução das necessidades de mate-riais usados”. Seguindo a coordenadas do grupo internacional Tesya, ao qual pertence a STET, esta tem desde sempre uma preocupação com a transição energética e a pegada carbónica, não só no Grupo, mas, também, na escolha dos parceiros com que trabalham e que levou à criação de uma empresa dentro do Grupo apenas para ajudar na transição energética e na redução da sua pegada carbónica na direcção da neutralidade. Ao ter a madeira como o material base da sua empresa, a questão da sustentabilidade é um dos principais pilares. “Seja a nível interno, como externo, tentamos elevar ao máximo os nossos padrões”, reforça Letícia Fernandes que assume que “só avançamos com um projecto se soubermos que não terá, à partida, impacto na natureza”. Sendo a madeira um produto de origem natural, já por si o processo produtivo exige baixo consumo energético, quando comparados com outros processos industrializados. Além disso, é “facilmente reconvertida” quando deixa de desempenhar a sua função estrutural, cujos resíduos são tratados através de processos de reciclagem ou recuperação de substâncias orgânicas. A Nogueira Fernandes reforça, ainda, que além usarem produtos “maioritariamente” ecológicos, contam com cerca de 620 painéis solares nas suas instalações que lhes permite ter energia suciente para trabalharem. As actuais exigências ambientais e de sustentabilidade têm impulsionado mudanças signicativas na estratégia de actuação da TPF Consultores, abrangendo todas as áreas dos nossos serviços e que visa a adopção de práticas de engenharia verde e de tecnologias sustentáveis em todos os projectos onde participam. Para garantir que este objectivo seja respeitado, a TPF Consultores integrou metodologias rigorosas de avaliação de impacte ambiental em todas as fases, desde o planeamento inicial até à construção e manutenção, assim como a promoção do uso e incorporação de materiais reciclados e sustentáveis sempre que possível e implementamos soluções que melhoram a eciência energética e reduzem as emissões de carbono. Além disso, são apresentadas soluções de gestão proactiva e preventiva das infraestruturas, no sentido de reduzir a necessidade de intervenções emergenciais e, consequentemente, o consumo de recursos nanceiros e humanos. Desde 2015 que a empresa tem orientado a sua actuação através dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde logo denindo seis dos 17 como prioritários e estabelecendo, até 2025, novas metas, nomeadamente a descarbonização do sector da água, a gestão da água a nível corporativo e desenvolvendo o acesso à água, saneamento e higiene junto das comunidades. “Estes três pilares, vão ao encontro dos principais desaos que os nossos “stakeholders” enfrentam todos os dias nas suas operações e destacam onde a Xylem e as suas soluções têm um papel único ao criar impactos positivos e duradouros”, reforça o responsável da empresa em Portugal. Novidades Focados na “sustentabilidade, eciência e segurança” a Laserbuild “tem vindo a trabalhar em conjunto com os fornecedores” para apresentar novos produtos e soluções que sejam “funcionais e duráveis”, mas também “acolhedores e alinhados com os princípios de sustentabilidade e bem-estar”, revela António Ribeiro.com representação da Caterpillar, Sandvik e Pronar, os produtos que comercializam têm como principal aliado a tecnologia que permite torná-los mais preparados para os desaos urbanos, tornando-os mais produtivos, assim como mais ecientes e compactos. om participação num vasto número de projectos, Letícia Fernandes destaca a aposta recente na produção de CLT (Cross Laminated Timber) e que vai ao encontro da crescente procura do mercado por este material, que não só “permite construir em altura”, como apresenta uma “estabilidade nunca vista”. A construção da ala de cuidados intensivos para doentes covid-19 do Hospital Pedro Hispano, a restauração da cobertura do Teatro Circo, em Braga, a Zmar, no Alentejo, todos os “grandes” projectos do Grupo Pestana, desde as 75 casas na Comporta ao Eco-Resort Pestana Dunas, em Porto Santo, à montagem de estrutura de pisos e coberturas do Mosteiro de Vilela ao futuro Centro de Valorização Integrada do Mobiliário e Artes em Madeira de Paredes. Indo ao encontro das expectativas do mercado, o uso da IA na empresa é já uma realidade. O novo Sistema de Gestão de Pavimentos Urbanos utiliza inteligência articial para a detecção autónoma de defeitos e dados georreferenciados para o planeamento de intervenções de conservação dos pavimentos. “Este sistema melhora a eciência da manutenção viária dos municípios, através de ferramentas técnicas/cientícas suportadas por dados, em termos de qualidade, e permite planear intervenções ajustadas aos orçamentos anuais dos municípios o que possibilita optimizar este importante activo”, reforça Jorge Latas. Outra área onde a TPF Consultores tem vindo a inovar é no acompanhamento das empreitadas com recurso a Drones. “Somos também pioneiros na criação de uma aplicação interna que permite fazer a gestão, controlo e planeamento em tempo real nas empreitadas”. Adicionalmente, “estamos a expandir a nossa oferta de serviços, nomeadamente nos estudos e projectos relacionados com eciência hídrica e eciência energética dos edifícios”, com o desenvolvendo de soluções próprias.com a inovação presente no ADN da empresa, este ano lançaram o Hidrovar X, da Lowara, um novo motor síncrono de classe de eciência IE5, pensado para os edifícios comerciais e residenciais. E, até ao nal do ano, irão lançar a extensão da gama do sistema Concertor, da Flygt para potências superiores a 7.5kw que irá permitir o funcionamento das estações elevatórias das cidades sem grandes interrupções, torna-as mais ecientes. Focada na “maximização” da utilização dos elementos de mobiliário urbano, nomeadamente, as colunas de iluminação pública, a Smartlamppost “revolucionou” a forma de instalar soluções de conectividade. “Além de ser um mobiliário urbano que dispõe de duas vantagens muito importantes , localização e acesso já existente à energia-propomos o melhor exemplo de racionalidade de utilização do espaço público para a capacitação da mobilidade eléctrica, ou seja, instalando carregadores em postes de iluminação pública”, conclui Paulo Valente. C As empresas destacam a tecnologia e a IA como alavanca para uma maior eficiência e sustentabilidade das soluções e, por conseguinte, dos próprios municípios Cidália Lopes